quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Design for life

Este é um post simples, mas eficiente, como um bom design. Vejam só essas duas pequenas (mas ótimas) galerias: uma com 50 cartazes de show e outra com 50 posters poloneses para filmes 'estrangeiros'.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Jogos e brincadeiras

Refilmagens raramente são melhores que os originais, mas ainda há casos piores: o das refilmagens literais. Como a inútil e desnecessária de “Psicose” (1998), dirigida por Gus Van Sant. O caso de “Funny Games U.S.” - aqui no Brasil com o título ridículo de “Violência Gratuita” e que estréia nesta sexta-feira, dia 19 de setembro - é em sua essência igual ao caso “Psicose”, mas as razões e o resultado até justificam bem essa releitura.

O “Funny Games” original é de 97, passou nos cinemas por aqui e tem até em VHS, mas o filme austríaco foi logo esquecido. A versão norte-americana tem até o mesmo diretor, o hoje bem mais aclamado do que em 97, Michael Haneke. Para mim este (na verdade os dois, já que são iguais, só mudam os atores) continua sendo o melhor filme dele.

A história é bem simples: um casal em seus trinta e tantos (Tim Roth e Naomi Watts) e seu filho de uns onze, doze anos (Devon Gearhart), vão à sua casa de campo curtir o final de semana, mas aí dois garotos em seus vinte e poucos (Michael Pitt e Brad Corbet) aparecem para se divertir de uma forma bizarra e sem freios.

A razão para se fazer refilmagens pode ser discutido exaustivamente, mas não acho que isso venha ao caso aqui, ainda mais porque acho que essa em particular vem em boa hora. Os aspectos da violência estão muito em pauta no cinema atual em que a sugestão foi trocada pelo explícito. Um bom exemplo de violência desmedida utilizada de forma direta, mas sem qualquer motivo a não ser chocar, acontece em “O Labirinto do Fauno”, aclamado sucesso 'cult' que levou o Oscar de Filme Estrangeiro de 2007. Para que mostrar a cara de alguém ser desfigurada em detalhes a golpes de garrafa? E uma faca fatiando uma bochecha? Não tem sugestão, criatividade... isso sim é violência gratuita.

Em “Funny Games” todo tipo de barbaridade acontece, mas nada é mostrado em detalhes. Aqui a câmera muda o foco e os gritos assustadores fazem nossa mente viajar e imaginar nossos medos mais profundos. Quando a mente humana é posta para trabalhar, coisas horripilantes pipocam como flashes causando um incômodo que nenhum efeito especial consegue alcançar.

Outro 'efeito' interessante e bem simples desse filme é o fato de o expectador ser mais do que um mero expectador. Em 'Funny Games” ele é um voyeur. Um dos garotos sádicos, o líder (a dupla lembra muito os dois assassinos de “Festim Diabólico” - olha só o Hitchcock aparecendo aqui de novo!), de vez em quando olha para a câmera como se fossemos seus comparsas nas 'diabruras'. Até piscadinhas maliciosas ele dá! E a nós resta assistir, impassíveis. Ou seria mais correto não ver mais o filme ou usar nossos controles remoto (essa referência você irá entender apenas vendo o filme até o final)?

“Funny Games” utiliza fórmulas simples e criativas que mexem com a gente e faz também uma bela crítica ao fato da violência ter se tornado algo lúdico em uma sociedade que age como um psicopata que não faz idéia do que é culpa e leva a vida como uma ilha em uma multidão que se acotovela como se aquilo fosse a coisa mais comum do mundo.

Trailer da versão 'U.S.'




Trailer do original

segunda-feira, 21 de julho de 2008

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Heróis esquecidos da músca - capítulo II: Dennis Wilson

Filho do meio de Audree e Murry Wilson, Dennis (Inglewood, 1944) andou sempre a sombra de seus dois irmãos 'mais talentosos', Brian – realmente um gênio – e Carl. Até sua entrada nos Beach Boys foi uma imposição de sua mãe, e Brian, líder e mentor intelectual da banda, teve de aceitá-lo, mas o colocou 'escondido' no fundo, na bateria, onde era muitas vezes substituído em gravações por Hal Blaine.

Dennis era bem diferente de seus dois irmãos. O único integrante dos Beach Boys que realmente surfava, ele era o galã da banda e que conseguiu grande parte de sua popularidade baseada mais no seu jeito de surfista californiano boa pinta.

Ele não tinha o vocal angelical de Brian e Carl. Ao invés disso tinha uma voz cortante, rouca e cantava sempre com muito sentimento. Aliás, o jeito de se entregar por completo em tudo o que fazia impulsionou sua breve carreira solo de Dennis (numa época em que a banda que tinha junto com seus irmãos, o primo Mike Love e o amigo da família Al Jardine vinha muito mal das pernas devido a degradação psicológica de Brian), mas também foi sua ruína.

Engraçado é que após a gravação de "SMiLE" por seu irmão Brian em 2004, o 'grande album perdido' de um Beach Boy passou a ser Bambu, ao qual Dennis nunca terminou e infelizmente nunca terminará, pois ele morreu afogado após cair de seu barco numa de suas constantes bebedeiras. As músicas que chegaram a ficar prontas, mas abandonadas por ele mesmo, foram lançadas recentemente em uma edição especial de sua grande obra prima: "Pacific Ocean Blue", de 1977, seu único disco completo. Antes havia lançado apenas um single em 69 como "Dennis Wilson & Rumbo", com "Sound of Free" no lado A e "Lady" no B.


Pacific Ocean Blue

Pacific Ocean Blue traduz com exatidão o jeito de Dennis, que canta as belezas da natureza – principalmente do mar - ao mesmo tempo em que luta contra seus demônios internos atrás dessa mesma beleza e sentido de harmonia em sua própria vida pessoal. Isso pode ser sentido logo na música de abertura, "River Song," que traz um 'sentimento' blues ao estilo West Coast que tinha nos Beach Boys uns de seus grandes inspiradores.

Até “Moonshine”, uma belíssima balada, tudo segue como uma mudança no som já utilizado bem pelos Beach Boys, mas em 'Dreamer' não apenas o clima, mas a pegada da música mesmo deve muito ao blues e outros ritmos da 'black music' em voga na época, como o funk, que emerge nos teclados e na batida do baixo até o momento em que se acalma, como que se deixando levar pelas ondas do oceano tão amado por ele e que acabou sendo também seu túmulo.

Daí pra frente tudo fica mais tortuoso, com momentos de puro desespero de alguém em busca de algo que nunca alcança.

Todo o disco funciona como um diário de um homem despedaçado emocionalmente que compõe a beira da praia e vê o tempo passar de forma bonita, lenta e melancólica. Foram sete anos pra finalizá-lo! Por isso Pacific Ocean Blues tem tantos climas distintos, as fases pelas quais seu autor passava durante esses anos podem ser reconhecidas por meio das músicas gravadas em intervalos tão grandes entre uma e outra.


Dennis e a Família Manson


Muita gente não sabe, mas os Beach Boys chegaram a ter boas relações com o conhecido psicopata homicida Charles Manson. E foi Dennis quem o apresentou a seus irmãos e colegas de banda. Em 68 ele deu carona a duas garotas que faziam parte da 'Família Manson'. Elas o apresentaram a seu 'guru': Manson. Logo a comunidade passou a morar na manção de Dennis e ele e Manson passaram a ser grandes amigos e parceiros musicais. Sem querer, Dennis acabou contribuindo para o crime praticado pela tal família que chocaria o mundo. Ele apresentou Manson ao empresário musical Terry Melcher, quem alugava uma casa para o cineasta Roman Polanski e sua esposa, a atriz Sharon Tate, morta pela trupe de Mason com extrema selvageria.

Mas bem antes da época do crime Dennis já tinha percebido as estranhas mudanças de humor e acessos de violência de Manson, e simplesmente fugiu de sua casa, deixando-a para a 'Família Manson'. Sem dinheiro para pagar as despesas da mansão, Manson tentou estorquir Dennis, ameaçando-o. O Beach Boy passou a fugir de seu ex-amigo e tinha tanto medo de Manson que não testemunhou no julgamento do assassinato de Sharon Tate.


Fim

Anos de abusos alcoólicos e a eterna luta para se sobresair como um compositor talentoso cobraram seu preço no dia 28 de dezembro de 1983. Um dia depois de completar 39 anos, Dennis Wilson desapareceu quando saiu em seu barco da Marina Del Rey, em Los Angeles. Supõe-se que ele tenha caído do barco e se afogado. Em uma entrevista naquele mesmo dia Dennis teria dito: "Me sinto solitário. Me sinto solitário o tempo todo."

"Eu o conheci muito bem... ele era um cara legal. Um pouco perdido, mas com um coração imenso. Sempre gostei dele, mesmo ele sendo um tanto maluco. Mas já conheci muitas pessoas malucas como ele, só que nenhuma tão generosa", falou a um jornal norte-americano seu amigo Lindsey Buckingham, guitarrista do Fleetwood Mac, banda com a qual Dennis tinha estreita ligação, tendo até um atribulado romance com a vocalista Christine McVie.

terça-feira, 10 de junho de 2008

O jeito é baixar...

Sites para baixar torrents de filmes não faltam por aí. E geralmente são os gringos que saem na frente neste quesito, mas até hoje o mais legal que eu já encontrei é um brasileiro. Com diversas opções de filmes de tudo quanto é estilo e época todos com legenda em português! O Making off.

Lá você acha ótimos documentários que não acha tão fácil por aí, como o brasileiro “Rap do Pequeno Príncipe Contra as Almas Sebosas”, o sueco “Surplus” e o norte-americano “This Film is not Yet Rated”. Além de filmes cult esquisitos e muita coisa que nunca chegou por aqui. Como o uruguaio – primeiro da dupla Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll , diretores de uma fita que fez um relativo sucesso por aqui: “Whisky” - “25 Watts”, o último do coreano Chan-Wook Park – o mesmo da trilogia da vingança - “I'm a Cyborg, But That's Ok”, a estréia do Malcolm McDowell – que rendeu ao cara o papel que marcou a carreira dele: de Alex no Laranja Mecânica - “Se...”, dirigido pelo Lindsay Anderson (o primeiro de uma trilogia que seguiu com “O'Lucky Man” e “Britannia Hospital”... bons exemplos de filmes legais e que muita gente não viu não faltam!

Ah, e é tudo de graça! É só se cadastrar, de forma bem simples e rápida, e pronto, você já pode baixar os filmes que quiser. Claro que não será tão rápido quanto fazer o download do último episódio da quarta temporada do Lost, alguns filmes com poucos uploads requerem mais paciência, mas nada que atrapalhe quem curte descobrir coisas interessantes.

Vamos lá, pessoal, baixem filmes! Pelo menos enquanto o mercado de DVD aqui for uma bosta e não lançar nada a não ser coisas óbvias.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Heróis esquecidos da música: Michael Nesmith

Nascido em 30 de dezembro de 1942, em Houston, Texas (EUA), Robert Michael Nesmith, ou Michael Nesmith como ficou mais conhecido principalmente quando foi um dos integrantes da primeira boy band da história, os Monkees (sem deméritos, adoro essa banda). Mas mesmo com essa importante e interessante passagem pelo pop dos anos 60, quero falar mais de quando esse cara teve total liberdade pra fazer o que queria e foi, junto com Gran Parsons (ex-Byrds) um dos grandes expoentes do country-rock, gravando grandes albuns com a First National Band e em carreira solo. Aliás, poucos sabem, mas Nesmith foi o primeiro ganhador de um Grammy, em 1981, pelo melhor video clip do ano, com “Elephant Parts”.

Filho único de Warren Audrey Nesmith e Bette Nesmith Graham, o pequeno Mike logo se viu sem uma figura paterna quando seu pai foi comprar cigarros e nunca mais voltou. Criado apenas por sua mãe, ele viva sendo expulso de escolas por sua rebeldia. Mas a sorte logo sorriu para Mike, pois sozinha e com um filho pra criar, Bette começou a trabalhar como secretária e acabou inventando um líquido para corrigir erros de datilografia. Isso mesmo, ela criou o que ficou conhecido como Liquid Paper! Ficou milionária e pôde dar a seu filho tudo que ele queria.

O garoto, além de famoso pregador de peças, não era lá muito decidido. Diz uma lenda que Mike, preparando uma de suas peças com bombinhas, acabou se acidentando, e por recomendação de um médico passou a aprender a tocar guitarra para melhorar a mobilidade de um dedo que feriu no acidente. Verdade ou não, Michael Nesmith só começou a dedilhar o instrumento aos 20 anos.

Após uma passagem pela Força Aérea norte-americana, Nesmith começou a participar de pequenas bandas de folk, country e eventualmente rock'n'roll. A partir daí a mudança para Los Angeles atrás do sucesso foi inevitável. Começou a ter composições gravadas pela Paul Butterfield Blues Band (Mary, Mary), Linda Ronstadt and the Stone Poneys (Different Drum) e Frankie Laine (Pretty Little Princess). Aliás, foi no ano em que compôs Pretty Little Princess, em 1965, que fez um teste e entrou para os Monkees.

Muita gente desdenha os Monkees como uma banda fabricada para uma série de TV na esteira do sucesso de A Hard Day's Night, dos Beatles, mas Nesmith era um cara talentoso que logo se rebelou com o fato de ter suas composições quase sempre vetadas. Mesmo assim acrescentou ao catálogo da banda grandes músicas como: “The Girl I Knew Somewhere”, “Mary, Mary”, “Listen to The Band”, “Tapioca Tundra”, “Circle Sky”, entre outras.

Mas Nesmith se encheu da camisa de força imposta pelos produtores do Monkees e deu um adeus aos tempos pop. Foi aí que montou a First National Band junto com Orville 'Red' Rhodes famoso tocador de pedal steel (um tipo de guitarra de mesa com um pedal bem característica do country), o baixista John London, o pianista Earl P. Hall e o baterista e amigo de longa data John Ware. Com essa formação a First National Band gravou três discos, mas o melhor e essencial na discografia de Nesmith foi o primeiro, de 1970, “Magnetic South”.

Depois de mais dois discos e poucas vendagens, a banda se desintegrou, com exeção de Red, que manteve-se fiel a Nesmith. O contrato com a gravadora RCA ainda exigia um disco, mas os engravatados não abriram a mão e queriam algo barato. A solução? A grande obra-prima do ex-Monkees, “And the Hits Just Keep on Comin'”, de 1972, onde Nesmith e Rhodes gravaram sozinhos, um disco inteiro de violão e pedal steel, uma formação impensada, mas que caiu como uma luva para o estilo poético e irreverente das letras características de Nesmith.

A carreira de Mike seguiu por mais uns bons anos com algumas boas surpresas como “Pretty Much Your Standard Ranch Stash”, mas apenas “Magnetic South” e “And the Hits Just Keep on Comin'” já bastaram para mostrar todo o talento desse heróia esquecido da música. Experimente pegar uma estrada ao som da First National Band e não se sentir num road movie.

quarta-feira, 4 de junho de 2008