quinta-feira, 5 de junho de 2008

Heróis esquecidos da música: Michael Nesmith

Nascido em 30 de dezembro de 1942, em Houston, Texas (EUA), Robert Michael Nesmith, ou Michael Nesmith como ficou mais conhecido principalmente quando foi um dos integrantes da primeira boy band da história, os Monkees (sem deméritos, adoro essa banda). Mas mesmo com essa importante e interessante passagem pelo pop dos anos 60, quero falar mais de quando esse cara teve total liberdade pra fazer o que queria e foi, junto com Gran Parsons (ex-Byrds) um dos grandes expoentes do country-rock, gravando grandes albuns com a First National Band e em carreira solo. Aliás, poucos sabem, mas Nesmith foi o primeiro ganhador de um Grammy, em 1981, pelo melhor video clip do ano, com “Elephant Parts”.

Filho único de Warren Audrey Nesmith e Bette Nesmith Graham, o pequeno Mike logo se viu sem uma figura paterna quando seu pai foi comprar cigarros e nunca mais voltou. Criado apenas por sua mãe, ele viva sendo expulso de escolas por sua rebeldia. Mas a sorte logo sorriu para Mike, pois sozinha e com um filho pra criar, Bette começou a trabalhar como secretária e acabou inventando um líquido para corrigir erros de datilografia. Isso mesmo, ela criou o que ficou conhecido como Liquid Paper! Ficou milionária e pôde dar a seu filho tudo que ele queria.

O garoto, além de famoso pregador de peças, não era lá muito decidido. Diz uma lenda que Mike, preparando uma de suas peças com bombinhas, acabou se acidentando, e por recomendação de um médico passou a aprender a tocar guitarra para melhorar a mobilidade de um dedo que feriu no acidente. Verdade ou não, Michael Nesmith só começou a dedilhar o instrumento aos 20 anos.

Após uma passagem pela Força Aérea norte-americana, Nesmith começou a participar de pequenas bandas de folk, country e eventualmente rock'n'roll. A partir daí a mudança para Los Angeles atrás do sucesso foi inevitável. Começou a ter composições gravadas pela Paul Butterfield Blues Band (Mary, Mary), Linda Ronstadt and the Stone Poneys (Different Drum) e Frankie Laine (Pretty Little Princess). Aliás, foi no ano em que compôs Pretty Little Princess, em 1965, que fez um teste e entrou para os Monkees.

Muita gente desdenha os Monkees como uma banda fabricada para uma série de TV na esteira do sucesso de A Hard Day's Night, dos Beatles, mas Nesmith era um cara talentoso que logo se rebelou com o fato de ter suas composições quase sempre vetadas. Mesmo assim acrescentou ao catálogo da banda grandes músicas como: “The Girl I Knew Somewhere”, “Mary, Mary”, “Listen to The Band”, “Tapioca Tundra”, “Circle Sky”, entre outras.

Mas Nesmith se encheu da camisa de força imposta pelos produtores do Monkees e deu um adeus aos tempos pop. Foi aí que montou a First National Band junto com Orville 'Red' Rhodes famoso tocador de pedal steel (um tipo de guitarra de mesa com um pedal bem característica do country), o baixista John London, o pianista Earl P. Hall e o baterista e amigo de longa data John Ware. Com essa formação a First National Band gravou três discos, mas o melhor e essencial na discografia de Nesmith foi o primeiro, de 1970, “Magnetic South”.

Depois de mais dois discos e poucas vendagens, a banda se desintegrou, com exeção de Red, que manteve-se fiel a Nesmith. O contrato com a gravadora RCA ainda exigia um disco, mas os engravatados não abriram a mão e queriam algo barato. A solução? A grande obra-prima do ex-Monkees, “And the Hits Just Keep on Comin'”, de 1972, onde Nesmith e Rhodes gravaram sozinhos, um disco inteiro de violão e pedal steel, uma formação impensada, mas que caiu como uma luva para o estilo poético e irreverente das letras características de Nesmith.

A carreira de Mike seguiu por mais uns bons anos com algumas boas surpresas como “Pretty Much Your Standard Ranch Stash”, mas apenas “Magnetic South” e “And the Hits Just Keep on Comin'” já bastaram para mostrar todo o talento desse heróia esquecido da música. Experimente pegar uma estrada ao som da First National Band e não se sentir num road movie.

2 comentários:

Mateus Potumati disse...

hahah, não sabia que a mãe dele tinha inventado o liquid paper! bom demais.

parabéns pelo retorno e pelos posts, rafael. boa sorte e não perca o pique.

abraço

Rafa Argemon disse...

Velu, meu!

Continue ligado para mais novidades.

Abração!